Emiliano Sala: Cardiff cogita entrar com ação por conta de perda financeira

Clube alega perdas financeiras de 14 milhões de libras, mesmo após pagamento de seguro efetuado previamente

Ainda desaparecido, o jogador argentino Emiliano Sala fez com que uma questão fosse levantada no mercado de seguros: quem tem a responsabilidade pelo acidente e quem deve receber as eventuais indenizações? A dúvida se dá porque o atleta tinha acabado de ser transferido do Nantes para o Cardiff, clube com o qual assinou, no sábado (19), um contrato em uma operação avaliada pela imprensa em 17 milhões de euros, mas o avião em que o jogador viajava para Cardiff desapareceu na segunda-feira (21) à noite, quando estava a cerca de 20 km da ilha britânica de Guernesey.

De acordo com matéria publicada pelo jornal inglês The Telegraph, o Cardiff City cogita entrar com ação legal por conta das possíveis perdas financeiras de 14 milhões de libras, mesmo após pagamento de seguro efetuado previamente. O motivo é pelo valor total do contrato de três anos, estimado em um total de 30 milhões, montante que não está coberto pelo seguro.

Para Marcelo Blanquier, diretor de riscos para Esportes e Entretenimento da JLT Brasil, essa não é uma questão tão complexa por conta da cultura de seguros que é bem desenvolvida na Europa. “O seguro contratado por clubes de futebol é bem amplo: cobre vida, morte por qualquer causa, término de carreira, desaparecimento (que é tratado como morte). Além disso, tem capitais altos e costuma ser contratado para todo o elenco. Esse tipo de produto lá fora é mais maduro do que aqui. Não acredito que haverá maiores problemas a respeito da indenização. Isso será resolvido em breve”.

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No Brasil, a Lei Pelé (9.615/98) obriga os clubes, confederações e federações esportivas a contratar o seguro de vida no momento aquisição de um atleta. “O valor da apólice é calculado no momento da assinatura do contrato com o jogador. As coberturas se estendem a atividade desportiva acontecida em treinos, provas e respectivos deslocamento dentro e fora do território nacional”, explica Paulo Grillo, corretor da Ecoverde Seguros.

Fazendo menção ao caso ocorrido com a Chapeconse, no fim de 2016, Grillo acredita que agora a situação é um pouco diferente, por isso pode confundir algumas pessoas a respeito da responsabilidade. “Nesse caso, o transporte era de apenas um jogador, sem vínculo com uma determinada competição. Já no acontecido com a Chapecoense, os jogadores estavam à disposição do clube”, complementa.

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Em caso de morte, seguro de empréstimo habitacional cobre apenas parcelas que ainda vão vencer, diz Justiça

RIO – A Sexta Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) confirmou uma decisão anterior segundo a qual, em caso de morte de um mutuário de financiamento habitacional, o seguro do empréstimo cobre apenas as parcelas que ainda vão vencer — não incluindo eventuais pagamentos em atraso.

A decisão foi motivada por uma ação movida por herdeiros de um mutuário que tinha saldo devedor residual de um financiamento imobiliário feito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Os herdeiros recorreram à Justiça, sustentando que, em função da morte do comprador, a dívida deveria ser quitada pela seguradora por meio do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS).

O FCVS é “uma espécie de seguro contratado pelos mutuários da Caixa Econômica Federal, pago juntamente com as prestações, que prevê a quitação ou amortização do saldo em caso de morte do mutuário”, explicou o TRF-2 em seu site.

O Tribunal decidiu em contrário dos herdeiros, no entanto, porque o comprador já estava inadimplente quando morreu, e o Fundo não assume débitos já pendentes.

Por isso o desembargador federal Guilherme Calmon Nogueira da Gama, relator do processo, entendeu que “o falecimento do devedor (…) em nada aproveita a quitação do contrato, observado que à data do óbito, em 17 de agosto de 2016, todas as parcelas pendentes referiam-se a encargos pretéritos e não pagos, impossibilitando a cobertura do montante pelo seguro habitacional”.

Procurada, a Caixa não quis comentar.

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CAPITALIZANDO: Filantropia Premiável

Confira a entrevista com o diretor da FenaCap, Luciano Graneto

A coluna Capitalizando dessa semana reproduz a entrevista que Luciano Graneto, diretor da FenaCap e diretor da Invest Capitalização, concedeu para a Rádio CNSeg, sobre a modalidade de Filantropia Premiável.

1. Como funciona a modalidade de Filantropia Premiável?
Podemos dizer que o título da modalidade de Filantropia Premiável funciona da seguinte forma: ao subscritor de qualquer  título de capitalização cabe o direito de sorteio e de resgate. Então, ao comprar o título da modalidade de Filantropia Premiável, o consumidor por vontade própria, opta por ceder o direito de resgate da sua reserva para uma instituição filantrópica credenciada e previamente conhecida.

2. Na modalidade de Filantropia Premiável os sorteios ocorrem da mesma forma que nas demais modalidades?
Sim, exatamente. No momento da aquisição desse título de capitalização, o cliente recebe um número da sorte que lhe dará o direito de concorrer a prêmios durante a vigência do plano. Esses sorteios podem, inclusive, ser um lastreados em alguma loteria oficial como, por exemplo, a loteria federal.  

3. Quais são as entidades beneficiadas e qual a importância dessa doação?
Atualmente, existem várias instituições em todo o país que se utilizam da Capitalização, como vários hospitais e fundações extremamente conceituadas, além de entidades assistencialistas sérias e idôneas. Dentre elas, a gente pode citar o Hospital do Câncer de Barretos, que fica em São Paulo, a Cruz Vermelha, a Federação Nacional das Apaes e o Instituto Ronald McDonalds. Conforme já destacado, a contribuição através dos títulos  de capitalização é condição essencial para que as instituições continuem desenvolvendo suas atividades. 

4. Onde adquirir um produto da modalidade Filantropia Premiável?
Esses títulos podem ser adquiridos de várias formas, o que inclui desde os portais das empresas de capitalização na internet até bancas de jornais. Há também a possibilidade de aquisição através de canais bancários e de representantes credenciados.  

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Acidente de Alok na lua de mel mostra que imprevistos acontecem e podem estragar momentos mágicos

APRIL Brasil Seguro Viagem reforça a importância de viajar sempre protegido

Um dos maiores DJs do mundo, o brasileiro Alok esteve nas manchetes duas vezes nas últimas semanas. A primeira foi pelo seu belíssimo casamento, realizado aos pés do Cristo Redentor, ao nascer do sol. A segunda por um motivo bem menos feliz: durante sua lua de mel, o ícone da música eletrônica se acidentou enquanto praticava wakeboard nas Ilhas Maldivas e acabou tendo que engessar o pé.

O acontecimento serve como alerta para quem ainda não contrata um seguro viagem antes das férias: imprevistos acontecem a qualquer hora, em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Mesmo num momento mágico, como uma lua de mel tão sonhada e planejada nos mínimos detalhes.

“Um viajante sem seguro numa situação como a do DJ enfrentaria diversos desafios. O primeiro seria encontrar um bom hospital próximo”, comenta Luiz Gustavo da Costa, CEO da APRIL Brasil Seguro Viagem. “O segundo seria a comunicação. Quem não fala outra língua além do português passaria por maus bocados em alguns hospitais públicos do exterior. Por fim, há o preço deste atendimento, que pode ser uma verdadeira fortuna, ainda mais em países com moeda altamente valorizada, como dólar ou euro”, explica o executivo.

Viajando com um seguro da APRIL Brasil, além de ter a cobertura para despesas médicas e hospitalares, o turista também conta com uma assistência 24 horas que, em casos de emergência, pode levar um médico até o passageiro ou indicar o melhor hospital para que ele mesmo se dirija até lá, sempre tendo em vista qual a situação do segurado. “Alok, por exemplo, precisava ir a um hospital que contasse com um bom pronto-socorro ortopédico”, completa Luiz Gustavo.

Além do valor da cobertura, é importante que o viajante observe o que ela inclui. O DJ se machucou enquanto praticava wakeboard, e há muitas empresas de seguro viagem que excluem esse tipo de atividade de suas coberturas, não garantindo atendimento em caso de acidentes decorridos delas. “Todos os planos da APRIL Brasil Seguro Viagem incluem cobertura para esportes, pois queremos que nossos clientes desfrutem ao máximo de suas férias”, afirma o CEO. “Qualquer pessoa em uma situação como a de Alok estaria muito bem protegida com nosso plano Max 250, por exemplo, que garante assistência médica de até U$250 mil”, finaliza Luiz Gustavo.

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Seguradora firma parceria para fundar campus de inovação 

A HDI Seguros firma parceria com a KPMG, uma das maiores empresas de de consultoria e auditoria, para fundar a Distrito Fintech, um campus de inovação que visa agrupar as melhores cabeças, produtos e tecnologias para produzir, testar e apresentar soluções de serviços financeiros que terão influência na vida das pessoas e empresas a curto prazo. 

Como cofundadora, a HDI atuará para o avanço de inovações aliado ao novo modelo norteador de seus negócios, que engloba os aspectos: humano, digital e inovador.

O prédio, que será inaugurado em fevereiro, possui 2 mil metros quadrados, localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, próximos às estações Oscar Freire e Paulista, da linha amarela do metrô e aproximadamente a 2km das avenidas Paulista e Faria Lima.

Além disso, conta com quatro pavimentos; espaço para 260 residentes trabalharem; 17 salas privadas; 10 salas de reunião; oito cabines para conferência; cafeteria; refeitório; auditório adaptável para ser um laboratório de criação de produtos; um Centro de Mobilidade com estações de aluguel de bicicletas e patinetes elétricos, com vestiários; 10 mesas no jardim, para descanso e integração.

“Cada vez mais, a inovação é sinônimo de agilidade. A HDI reconhece que o arrojo das startups, que priorizam as necessidades das pessoas em seus produtos, é fundamental neste contexto”, declara o CEO da HDI Seguros no Brasil, Murilo Riedel. “Acreditamos na construção de um mercado segurador ecossistêmico, do qual devem fazer parte, de forma sinérgica, fintechs, insurtechs e empresas de outros mercados que tenham negócios complementares”, salienta.

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Você teria um seguro se ele fosse como a Netflix? Startups apostam que sim

Insurtechs brasileiras investem em seguros de residências, automóveis e celulares cobrados por mensalidade e análise de comportamento

Se você contrata um seguro, provavelmente está pagando por quem sempre bate o carro, casas que pegam fogo ou celulares que insistem em cair em terrenos ásperos. O mercado de seguros arrecadou mais de 400 bilhões de reais em 2017, mas poderia faturar muito mais.

As startups já estão de olho nessa oportunidade há anos. Só com a retomada da economia, porém, esses negócios deverão ganhar destaque por aqui. A familiaridade com serviços online, como o banco digital Nubank e a plataforma de streaming Netflix, também dão um empurrão ao movimento.

Os prêmios (valores pagos por clientes às seguradoras) representaram 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2017, contra uma porcentagem de 11,3% vista nos Estados Unidos. O grande desafio está em aproveitar a maior disposição de consumir em quatro anos e fazer brasileiros detentores de menor renda acreditarem que pagar para se prevenir é importante.

O convencimento passa por acabar com a obscuridade dos processos das seguradoras. Com perfis de risco e pagamentos pouco flexíveis, os maiores contratantes de seguros são “adultos urbanos estabelecidos” e “elites brasileiras”, de acordo com a Serasa Experian: pessoas com mais de 30 anos de idade, alta escolaridade e um padrão de vida que vai de “relativamente confortável” a “alto”. Em último lugar de interesse em contratar seguros estão jovens adultos da periferia, o grupo mais representativo da população brasileira.

“Dar acesso a pessoas que não tinham seguro até então é uma grande oportunidade. Nem o corretor e nem a seguradora têm como prioridade atender o cliente de pouca renda, pelos baixos valores sobre a apólice”, afirma Paulo Marchetti, diretor brasileiro do marketplace de comparação de seguros ComparaOnline.

Com estruturas enxutas e tecnologia para escalar atendimentos, porém, suprir diversos consumidores de pouca renda pode ser um bom negócio. É nisso que apostam as insurtechs, startups que atuam no mercado de seguros, e seus investidores. No ano passado, empreendimentos inovadores que fornecem software ou distribuem seguros captaram 4,1 bilhões de dólares em investimentos, segundo a empresa de análises CB Insights. Em 2011, o valor era de apenas 140 milhões de dólares.

O passado das insurtechs: mortes pelo caminho e comparadores
O Brasil possui 37 insurtechs em operação, de um total de 453 fintechs mapeadas pelo estudo Radar FintechLab. Em 2015, eram sete insurtechs. As primeiras startups de seguros brasileiras remontam ao começo desta década.

O chileno ComparaOnline foi criado em 2009 e chegou ao Brasil três anos depois. O marketplace encontrou concorrentes nacionais que também vendiam seguros pela internet, como Minuto Seguros (2010), Bidu (2011) e TôGarantido (2014).

A Bidu foi adquirida e as outras continuam operando, mas startups de seguros mais desconhecidas ficaram pelo caminho. Havia desconfiança dos consumidores em comprar pela internet; das grandes seguradoras em colocar seus produtos nessas novas plataformas; e, por fim, dos investidores em apostar em negócios incipientes. “Algumas insurtechs morreram e outras enxugaram sua operação, especialmente pela dificuldade de acesso a capital”, afirma Marchetti.

O mercado de seguros é baseado em confiança e, com isso, há um prazo relativamente longo para o mercado amadurecer novas soluções. Para ganhar a confiança de clientes que antes falavam com corretores fisicamente, as insurtechs investiram em presença nas redes sociais e em sua reputação em sites como o Reclame Aqui.

Para as seguradoras, é preciso mostrar que a insurtech não é uma ameaça. No ComparaOnline, os distribuidores de seguradoras como Bradesco Seguros, Liberty Seguros e Mapfre ganham uma comissão de 18% sobre o valor total do seguro. O usuário vê o valor já com essa taxa embutida.

Após anos de construção de uma base de usuários, o ComparaOnline atingiu lucros em 2017. O marketplace vende 40 mil apólices por ano e obteve crescimento de 30 a 40% somando Chile, Colômbia e Brasil em 2018. “Somos o país que mais puxa os números, já que apenas a cidade de São Paulo equivale a todo mercado chileno. Mesmo assim, preferimos ter fôlego financeiro diante de jogar metas de crescimento de 100% e arriscar morrer no meio do caminho.”

A TEx, que desenvolve plataformas digitais para mais de 500 corretoras de seguros, também viu um aumento de interesse em adentrar o online. O negócio existe há dez anos. “Antes, todo mundo achava espetacular um cálculo que durava um minuto. Hoje, fazemos isso na metade do tempo, mostrando produtos de até 17 seguradoras ao mesmo tempo, e as pessoas exigem que seja mais rápido. A base de comparação dos clientes virou o Google, que pesquisa a internet do mundo interno em segundos”, afirma Emir Zanatto, chefe de operações da desenvolvedora.

O presente das insurtechs: aquele “jeito Netflix”
Criar marketplaces comparadores foi o primeiro passo para as insurtechs brasileiras. Há cerca de três anos, alguns negócios acreditaram que poderiam trazer uma renovação ao modelo, pelo uso de inteligência artificial, análise de comportamentos, cobranças mais acessíveis e cancelamentos flexíveis.

Essa é a cara da segunda leva de insurtechs no Brasil, que tomaram inspiração de unicórnios como o serviço de streaming Netflix. Nada mostra melhor a virada do que a aquisição no ano passado da antiga Bidu Seguros pela Thinkseg, uma insurtech criada em agosto de 2016.

Cocriada por Andre Gregori, sócio-fundador do banco BTG Pactual e criador da divisão BTG Pactual Seguridade, a Thinkseg enfrentou obstáculos para fazer o discurso do digital emplacar. “Era difícil ver seguradoras com vontade de ouvir, ainda que soubessem da necessidade de inovar. Eu era um agressor. Agora, todas direcionam algum investimento para o digital”, afirma Gregori.

A Thinkseg é um portal que usa algoritmos próprios para identificar o perfil do cliente, tanto pelas informações preenchidas quanto por bancos de dados e postagens nas redes. Após a análise, seleciona pacotes personalizados de seguros. “As seguradoras costumam primeiro montar um produto para depois sair vendendo. Queremos inverter essa lógica”, diz o fundador.

Há 500 mil combinações de produtos possíveis de 18 seguradoras na Thinkseg, a partir de um questionário de oito perguntas e uma análise que leva cinco segundos. O tradicional é responder de 28 a 35 perguntas e levar 20 segundos para conseguir uma cotação, de acordo com Gregori. No banco de dados há um histórico de mais de oito milhões de cotações, além de 30 mil cotações novas por mês.

Os usuários são atendidos de forma 100% digital por corretores cadastrados, área que foi reforçada com a aquisição da Bidu Seguros e seus sete anos de dados coletados e ferramentas de marketing digital desenvolvidas. A Thinkseg possui 30 mil clientes ativos e acumulou mais de 100 milhões de reais em prêmios coletados para as seguradoras, sendo que 90% dos seguros vendidos são para automóveis.

O negócio se monetiza por comissões, por ser registrado como uma corretora, e também dá bonificações às seguradoras parceiras. A Thinkseg também desenvolve tecnologias e estratégias de marketing digital para o mercado de seguros, como plataformas white label. A insurtech atingiu o ponto de equilíbrio operacional (descontando os investimentos iniciais) com um ano e dois meses de operação. Ao todo, 50 milhões de reais foram aportados na Thinkseg por seus dez sócios, seja no desenvolvimento da tecnologia, na aquisição da Bidu Seguros ou em patrocínios de peso, como o do time de futebol carioca Flamengo.

Para Gregori, o grande desafio é fazer os brasileiros sentirem a necessidade de ter um seguro. “A percepção de valor, nesse mercado, só aparece quando o cliente tem um problema. Não somos uma fintech percebida de cara como uma oportunidade para ele, como é o Nubank, por exemplo.”

A Kakau Seguros, criada no mesmo ano da Thinkseg, realizou uma pesquisa no começo do negócio e ouviu de possíveis clientes pensamentos similares, como “ter um seguro não é para mim”. “O brasileiro ganha dinheiro, controla seus gastos, começa a poupar, investe e só depois pensa em segurar. Se ter um seguro fosse como contratar a Netflix, teríamos mais segurados”, defende o cofundador Henrique Volpi.

A Kakau adotou uma estratégia similar à Netflix e realiza cobranças de mensalidades fixas, com cancelamento feito em até um dia para smartphones. Segundo Volpi, apesar de o senso comum dizer que a facilidade em parar com o plano aumentará a desistência dos usuários, o churn da Kakau é seis vezes menor do que o das seguradoras tradicionais. Uma inspiração foi a americana Trov, que permite contratar ou cancelar uma cobertura em minutos.

Os seguros residenciais custam a partir de 19,90 reais por mês, enquanto o seguro para smartphones parte de 9,90 reais mensais. “Há clientes com smartphones Motorola ou Apple, vindos do Acre ou de São Paulo”, resume Volpi. O cliente mais comum da Kakau seria uma millenial de classe C, bem diferente do consumidor comum das seguradoras tradicionais. Por trás dos seus produtos estão as seguradora American Life e Generali.

O robô de atendimento (chatbot) Ana, dotado de machine learning, resolve 80% das dúvidas dos usuários. Caso restem mais perguntas, a contratação é direcionada ao e-mails ou ao aplicativo de mensagens WhatsApp. O próximo passo da Ana é permitir a inserção de dados de identidade e de cartão de crédito, descartando a necessidade de entrar no site da Kakau.

O negócio faturou 500 mil reais no ano passado, com mais de cinco mil seguros vendidos desde setembro de 2017. A insurtech pretende faturar dois milhões de reais neste ano. Para os próximos meses, a Kakau lançará seguros para bicicletas e patinetes elétricos e de vida. A startup planeja também realizar o cancelamento em até um dia no seguro residencial. Ao todo, 10 mil seguros devem ser vendidos em 2019.

Gregori também está de olho na oportunidade que os pagamentos têm de atrair usuários. Em parceria com “uma das dez maiores seguradoras do mundo”, a Thinkseg irá oferecer uma proposta que nem mesmo a Netflix ousa: um pagamento dinâmico, baseado no uso do seguro pelo consumidor ao longo do tempo.

Na modalidade pay per use, que será lançada neste trimestre, o usuário pagará uma taxa mensal fixa para serviços como guincho e proteção a furto mais um valor mensal variável de acordo com os quilômetros rodados e sua forma de dirigir. Para Gregori, a ideia é trazer “o conceito do justo” aos seguros, impedindo que bons motoristas paguem pelos maus. É como se, na Netflix, um cliente pagasse menos por assistir a menos conteúdos. Uma insurtech que já pratica esse modelo é a americana Metromile, que leva em consideração apenas a distância percorrida. A startup estadunidense já recebeu 300 milhões de dólares em investimentos.

De acordo com a consultoria Accenture, 86% das seguradoras acreditam precisar inovar rapidamente para se manterem competitivas. Segundo o CB Insights, não seria surpreende se as insurtechs seguissem o mesmo caminho de outras fintechs e as grandes instituições virassem compradoras de soluções. Disponibilizar seus produtos nos marketplaces dessas startups já é um início de associação.

As insurtechs começaram a ser mencionadas em conferências de resultados de grandes empresas na virada de 2016 para 2017, quando o segmento de fintechs já estava amadurecido. Hoje, Allianz, AXA CL, Munich Re e Swiss Re estão entre as seguradoras que mais fazem parcerias com negócios tecnológicos a nível mundial. Desde 2017, houve mais de 180 associações do tipo, segundo a empresa de análises CB Insights.

O próximo passo para as grandes seguradoras é se associarem não apenas às insurtechs, mas a startups de outros setores, como os de logística e mobilidade urbana. A corretora online de seguros com capital aberto Zhong An firmou uma parceria com o serviço de delivery Grab para a venda de seguros pelo aplicativo de entregas. Enquanto isso, a Allianz aportou 35 milhões de dólares na empresa de mobilidade Go-Jek, da Indonésia.

O inverso também é tendência: empresas de outros setores entrarem para o mercado de seguros. A Didi Chuxing, empresa de mobilidade urbana que comprou a brasileira 99, adicionou seguros de automóvel e de saúde como uma opção a seus motoristas. Também na China, a gigante Tencent possui a agência online de seguros WeSure, em parceria com 20 seguradoras.

Na Índia, a empresa de pagamentos móveis e carteiras digitais PayTm começou a vender seguros e afirma ter se tornado a maior plataforma digital do tipo no país. O negócio possui investimentos da gigante chinesa de tecnologia Alibaba e do megainvestidor Warren Buffett. A PayTm sofre concorrência pesada das varejistas tecnológicos, como Flipkart, investida do fundo bilionário SoftBank, e a gigante americana Amazon.
No Brasil, um caso pioneiro foi a criação da plataforma online de seguros Youse, em 2015, a partir de um aporte 500 milhões de reais da Caixa Seguradora, da Caixa Econômica Federal.
Um obstáculo para o desenvolvimento de mais inovações é a falta de uma regulação, a exemplo da vista com fintechs de crédito e com bancos digitais. “Não vejo uma disposição similar à do Banco Central na Susep [Superintendência de Seguros Privados], por ser um órgão extremamente sobrecarregado e por ainda sermos vistos como ‘patinhos feios’. Como insurtechs, infelizmente não podemos correr atrás de uma regulação. Ela que corre atrás de nós”, afirma Marchetti, do ComparaOnline. Se o mercado quer conquistar a classe C, já passou da hora de mostrar serviço.

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