Fisher Venture Builder realiza evento sobre insurtechs, ao mesmo tempo em que a Susep colocou em consulta pública o sandbox regulatório

Por Karin Fuchs
A Fisher Venture Builder, um ecossistema de inovação que cria soluções, conecta empresas e compartilha conhecimento, realizou em São Paulo, no dia 1º de outubro, o evento “Insurtech: os desafios de renovar a indústria de seguros no Brasil”, reunindo especialistas do mercado de seguros para debaterem as principais tendências.
No mesmo dia, a Susep abriu consulta pública para o mercado de seguros sobre o sandbox regulatório, que tem como objetivo instituir um ambiente experimental para negócios inovadores no país, reduzindo o capital mínimo exigido de R$ 15 milhões para R$ 1 milhão e com um prazo de até três anos para as novas empresas testarem soluções que diminuam o preço das apólices.
“Já existem insurtechs com produtos prontos. Como por exemplo, o ‘liga e desliga’. O mercado está engatinhando muito nisso, em média, a utilização do carro é de apenas 4% do tempo por dia, o restante, ele fica parado. A experiência do usuário tem que ser considerada”, defendeu Paulo Sgarbi, consultor independente e ex-superintendente da HDI Seguros.
Piero Torres, Chief of Information Officer da BNP Pariba Cardif, disse que é preciso fomentar a cultura do seguro. “Identificar formas para popularizar os seguros é um desafio para as seguradoras e para as insurtechs”. Lucas Prado, Co-Founder da Pier, especializada em seguros para celular, acredita que o sandbox será um facilitador. “Quando nós começamos era mais difícil. Com o sandbox será mais fácil para as novas que vierem”.
Avanços
Mediado por Pietro Bonfiglioli, Co-Founder da Fisher Venture Builder, ele questionou os participantes se o mercado de seguros está muito atrasado em relação ao setor bancário. “Antigamente, o pagamento de sinistros era manual. Hoje, mesmo sendo digital, o tempo de ressarcimento permanece o mesmo”, afirmou Bonfigliori.
“O mercado bancário começou a entender melhor o que o cliente quer, neste ponto, a indústria de seguros está atrás, mas ela começou a perceber isso mais recentemente, puxada pela exigência do próprio consumidor”, expôs Prado, acrescendo que, no caso deles, o foco foi oferecer um produto com contratação e reembolso rápidos.
Na opinião de Sgarbi, existe uma zona de conforto. “O mercado de seguros talvez esteja muito na zona de conforto. Mas com o advento das insurtechs, ele irá acelerar este processo. Acredito que o gap entre o mercado de seguros e o bancário chegará a um equilíbrio”.
Para Roberto Panucci, advogado de Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados no setor de seguros esse processo é mais complexo. “É muito mais fácil as fintechs chegarem ao consumidor e atenderem a sua demanda. Com seguros é diferente, existe um evento ou um bem a ser segurado”.
Piero Torres afirmou que as seguradoras estão começando a agilizar o processo. “A meta é pagar o sinistro em algumas horas. E uma forma de reduzir este gap é fazer parcerias com as insurtechs que têm uma visão diferente. Nós investimos em startups”.
Não concorrem
Em comum, os participantes disseram que as insurtechs não concorrem com as seguradoras. “Elas são facilitadoras que vieram para preencherem os gaps que as seguradoras têm. São grandes parceiras de negócios e não competidoras”, comenta Sgarbi.
Nesse sentido, ele comentou que praticamente 1/3 das seguradoras é TI (equipe), as companhias são bem regulamentadas, há a IRFS 17 (que altera consideravelmente os padrões contábeis das seguradoras), além da regulamentação sobre compliance da Susep.
“Tem muitas coisas de tecnologia vindo de fora, como os carros autônomos. Mas, o principal é os dados. Nós temos metas de sinistros por ano e nessa linha alguns países já fizeram exclusões utilizando dados, tem que mudar o produto se não bater as metas, e nós fizemos produtos com exclusões analíticas. Atende aos clientes e às metas de sinistralidade”, expôs Torres.
Prado também falou sobre a importância dos dados. “Eles mudarão o mercado de seguros, mas ainda há pouco conhecimento por parte das empresas de como usar os dados. O mercado não está pronto e as startups têm certa vantagem por já terem nascido digitais”.
Do ponto de vista do regulador, Bonfiglioli comentou que, por enquanto, até que seja definida a consulta pública da Susep, o caminho é as parcerias. “Exatamente como foi com os bancos que fizeram parcerias com as fintechs”, afirmou, acrescentando que o sandbox regulatório tem como objetivo fomentar a inovação.
Panucci disse que foram as financeiras que deram espaço para o surgimento das fintechs, atualmente elas operam oferecendo os mais diversos serviços financeiros, o que não deve ocorrer de forma similar com o mercado de seguros. “As seguradoras são bem reguladas e têm capital alto. As insurtechs não têm espaço para serem seguradoras”.

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