Rossana Costa, diretora da GEO<\/p>\n

\nO mercado de constru\u00e7\u00e3o civil tem se notabilizado nos \u00faltimos anos pela evolu\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica em diversas \u00e1reas, beneficiando-se dos avan\u00e7os como em modelagem 3D, com ferramentas como o BIM e at\u00e9 mesmo o uso de drones para captura de imagens, reduzindo riscos, custos e at\u00e9 mesmo os cronogramas de entrega.<\/p>\n

\nNo intuito de acompanhar o desenvolvimento das construtoras e incorporadoras no boom de obras e tecnologia na d\u00e9cada de 2000, o cen\u00e1rio de seguros da constru\u00e7\u00e3o civil tamb\u00e9m iniciou sua transforma\u00e7\u00e3o digital.<\/p>\n

\nApesar do avan\u00e7o em investimentos e na disponibilidade das novas tecnologias no mercado de seguros, quando tratamos de seguros para a constru\u00e7\u00e3o civil e imobili\u00e1rio ainda h\u00e1 uma defasagem na ado\u00e7\u00e3o pela cadeia, dado que o car\u00e1ter do setor sempre foi o de baixa concorr\u00eancia e maior conforto em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 necessidade de inovar. Por conta disso, n\u00e3o houve um desenvolvimento com todo o potencial oferecido pelo mercado, como j\u00e1 vem ocorrendo com mais for\u00e7a em setores mais ligados ao consumidor final, como o automotivo e vida, por exemplo.<\/p>\n

\nEsse cen\u00e1rio foi transformado com as novas tecnologias baseados em computa\u00e7\u00e3o na nuvem e Big Data, que possibilitaram o cruzamento de grandes volumes de dados para an\u00e1lise de riscos, precifica\u00e7\u00e3o de pr\u00eamios e para embasar uma tomada de decis\u00f5es mais assertiva. Isso tamb\u00e9m inclui avan\u00e7os na intelig\u00eancia artificial para experi\u00eancia do consumidor, acessibilidade por dispositivos m\u00f3veis na Internet das Coisas e a automa\u00e7\u00e3o de processos e experi\u00eancias por meio do machine learning.<\/p>\n

\nSegundo o levantamento da Tata Consultancy Services (TCS), o mercado de seguros \u00e9 um dos que mais investe no desenvolvimento de intelig\u00eancia artificial, especialmente vindo das insurtechs, que j\u00e1 receberam investimentos acima de US$ 9 bilh\u00f5es desde 2010, segundo o estudo InsurTech Outlook, e as seguradoras est\u00e3o entre os grandes investidores.<\/p>\n

\nDe fato, a oportunidade para inovar \u00e9 grande, tanto para desenvolvimento como para ado\u00e7\u00e3o de tecnologias que buscam reduzir custos, tempo e burocracia no trabalho do corretor e das seguradoras. Hoje, a maior parte do tempo de um corretor de seguros est\u00e1 ligado a atividades burocr\u00e1ticas, e a demora para emitir ap\u00f3lices dentro dos sistemas tradicionais pode levar dias para ocorrer.<\/p>\n

\nUm exemplo de como a tecnologia pode servir como um \u201cquarto participante\u201d da cadeia do seguro imobili\u00e1rio (al\u00e9m das seguradoras, corretoras e clientes) \u00e9 em rela\u00e7\u00e3o a Garantia de Entrega de Obra. Este seguro \u00e9 alvo de grande demanda do setor, mas conta com o desafio de acompanhar toda a gest\u00e3o da constru\u00e7\u00e3o por parte das seguradoras para conseguir gerenciar os riscos decorrentes.<\/p>\n

\nA digitaliza\u00e7\u00e3o permite que todos os players, incluindo at\u00e9 mesmo o consumidor final, possam ter acesso em tempo real \u00e0s informa\u00e7\u00f5es como fotos, medi\u00e7\u00f5es de banco de dados, mapeamentos e cronograma da constru\u00e7\u00e3o. Tudo em uma \u00fanica ferramenta, que oferece n\u00e3o apenas a transpar\u00eancia das informa\u00e7\u00f5es, mas que tamb\u00e9m \u00e9 capaz de atender \u00e0s diferentes demandas de seguradoras, construtoras e corretores por meio de relat\u00f3rios did\u00e1ticos e personalizados.<\/p>\n

\nEsta transpar\u00eancia na gest\u00e3o de dados pode tamb\u00e9m ser vista em situa\u00e7\u00f5es de seguro habitacional, obrigat\u00f3rio no financiamento imobili\u00e1rio ao parcelar a compra de um bem im\u00f3vel. Por meio da digitaliza\u00e7\u00e3o, os corretores conseguem disponibilizar para seus clientes certificados individuais a cada mudan\u00e7a de cr\u00e9dito mensal. Assim, de forma proativa e em tempo real conseguem oferecer aos credores informa\u00e7\u00f5es sobre os valores segurados de forma transparente, refor\u00e7ando o seu papel de confian\u00e7a em um setor que exige tanto esta qualidade e que costuma lidar com altas cargas de burocracia.<\/p>\n

\nPor fim, a digitaliza\u00e7\u00e3o do setor de seguros serve como pilar fundamental para toda a evolu\u00e7\u00e3o decorrente de solu\u00e7\u00f5es de Big Data e analytics, que conseguem entregar uma mir\u00edade de insights e an\u00e1lises que n\u00e3o s\u00e3o poss\u00edveis tendo como base documentos em papel ou em arquivos digitais que n\u00e3o est\u00e3o incorporados em uma gest\u00e3o unificada. O cen\u00e1rio agora \u00e9 outro \u2013 ap\u00f3lices podem ser digitais e podem ser emitidas com um clique na tela.<\/p>\n

\nDesafio cultural para ado\u00e7\u00e3o de tecnologias<\/p>\n

\nSabendo do desafio cultural do setor para adapta\u00e7\u00e3o de novas tecnologias, um dos desafios para a implementa\u00e7\u00e3o de novas ferramentas \u00e9 a portabilidade com as estruturas legadas complexas e extensas das grandes empresas do meio, o que torna os processos internos de digitaliza\u00e7\u00e3o mais lentos e custosos se feito internamente. Para 2019, no entanto, plataformas de tecnologia que facilitam essa integra\u00e7\u00e3o para as seguradoras ficar\u00e3o ainda mais acess\u00edveis e populares, tirando das seguradoras os altos custos de implementa\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\nTemos visto tamb\u00e9m que o entendimento das vantagens na digitaliza\u00e7\u00e3o pelos corretores ainda \u00e9 nebuloso, considerando que apareceram no mercado insurtechs que prop\u00f5em a substitui\u00e7\u00e3o do corretor pela intelig\u00eancia artificial. N\u00e3o \u00e9 preciso de muito esfor\u00e7o para mostrar que estas empresas est\u00e3o se precipitando quanto \u00e0 qualidade do que \u00e9 entregue ao cliente, ainda mais se tratamos de clientes com exig\u00eancias complexas, como acontece na constru\u00e7\u00e3o civil. N\u00e3o podemos e nunca devemos comparar os avan\u00e7os da tecnologia com essa proposta.<\/p>\n

\nAo contr\u00e1rio, a maioria das empresas de tecnologia, insurtechs e seguradoras entendem o corretor como pilar central do trabalho com as diferentes ferramentas tecnol\u00f3gicas, que servem para auxili\u00e1-los na entrega de processos mais velozes e assertivos. Segundo levantamento da Camara-e.net, das insurtechs brasileiras, mais de 62% tem como objetivo potencializar neg\u00f3cios para as seguradoras e 57% tamb\u00e9m querem trazer mais neg\u00f3cios aos corretores.<\/p>\n

\nE quando tratamos da experi\u00eancia de mercado, das especificidades das an\u00e1lises e das necessidades para vari\u00e1veis de cada ap\u00f3lice e certificado, entendemos que o corretor \u00e9 fundamental e indispens\u00e1vel para o sucesso do setor. Nos momentos de uma opini\u00e3o especializada ou dificuldades, clientes ainda preferem lidar diretamente com os corretores, o que mostra pesquisa da Accenture, apontando que 80% dos consumidores optam por resolver problemas com contato humanizado.<\/p>\n

\nPara as seguradoras, os investimentos se tornam igualmente importantes para subsidiar melhorias no rendimento de seus corretores e para trazer ganhos em agilidade e eliminar custos significativos com a opera\u00e7\u00e3o, que incluem manuten\u00e7\u00e3o da TI pr\u00f3pria e equipes dedicadas a processos manuais e repetitivos.<\/p>\n

\nEstamos diante de uma oportunidade para uma transforma\u00e7\u00e3o no setor, dado que j\u00e1 temos \u00e0 nossa disposi\u00e7\u00e3o recursos altamente disruptivos e ben\u00e9ficos para auxiliar tanto os corretores e seguradoras, como tamb\u00e9m dos clientes na ponta. O mercado de seguros j\u00e1 projeta um grande crescimento em 2019, e um dos principais fatores de competitividade \u2013 e at\u00e9 de sobreviv\u00eancia \u2013 ser\u00e1 a ado\u00e7\u00e3o de novas tecnologias.<\/p>\n

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