De 2014 a 2018, mais de tr\u00eas milh\u00f5es de brasileiros perderam renda e tiveram que abrir m\u00e3o do plano de sa\u00fade, de acordo com dados da ANS. Nesse mesmo per\u00edodo, mais de 100 operadoras deixaram de atuar. A mudan\u00e7a demogr\u00e1fica, a baixa qualidade de servi\u00e7os prestados e o alto \u00edndice de desemprego s\u00e3o alguns dos fatores que fomentaram o mau desempenho no ramo.<\/span><\/p>\n

Com isso, muitos brasileiros t\u00eam buscado alternativas para driblar essas dificuldades. Nesse per\u00edodo, viu-se o crescimento da contrata\u00e7\u00e3o dos seguros de vida, sobretudo os que cobrem as chamadas \u201cdoen\u00e7as graves e terminais\u201d. Segundo dados da Susep, o pr\u00eamio total nos seguros de doen\u00e7as graves ou terminais em 2017 foi de R$ 765,8 milh\u00f5es\u2014 crescimento de 9,66% ante 2016. De janeiro a agosto de 2018, o valor j\u00e1 era de R$ 571,9 milh\u00f5es, alta de 12,5% sobre o mesmo per\u00edodo do de 2017.<\/span><\/p>\n

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Luiz Bruzadin, diretor da Segure.me, aponta dois fatores como os mais cruciais para a queda no n\u00famero de benefici\u00e1rios de planos de sa\u00fade. \u201cEm um primeiro momento, temos um produto que, de certa forma, \u00e9 uma novidade, pois a oferta come\u00e7ou a crescer h\u00e1 pouco tempo aqui no Brasil. O segurado n\u00e3o tinhas as op\u00e7\u00f5es de contratar as coberturas em vida, era apenas a invalidez e mais nada. As seguradoras come\u00e7aram a avaliar esse desejo do segurado para a vida e n\u00e3o para a morte. Ou seja, surgiu mais uma alternativa no mercado\u201d, destacou. \u201cOutra raz\u00e3o para esse fen\u00f4meno est\u00e1 acontecendo \u00e9 a pejotiza\u00e7\u00e3o. Muitas empresas contratavam empregados CLT e ofereciam planos de sa\u00fade como benef\u00edcios, mas, \u00e0 medida em que a crise veio, muita gente que era empregado passou a ser PJ\u201d. Ele explica que, com isso, as empresas cortaram algumas coberturas dos planos de sa\u00fade e os trabalhadores buscaram alternativas para ter uma prote\u00e7\u00e3o sem depender deles.<\/span><\/p>\n

A gerente de Desenvolvimento de Produto da Mongeral Aegon, Patricia Costa, ainda acrescenta dizendo que a queda do n\u00famero de benefici\u00e1rios de planos de sa\u00fade se d\u00e1 tamb\u00e9m por conta da popula\u00e7\u00e3o idosa ser maior. \u201cO valor dos planos de sa\u00fade ficam mais elevados com o aumento da idade, ent\u00e3o, est\u00e1 sendo invi\u00e1vel para algumas pessoas se manterem como benefici\u00e1rias\u201d.<\/span><\/p>\n

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Outro ponto que pode ser lembrado para a queda no n\u00famero de benefici\u00e1rios \u00e9 o dos altos reajustes. Segundo dados da ANS, o aumento de pre\u00e7o anual das prote\u00e7\u00f5es nos \u00faltimos tr\u00eas anos foi superior a 13,5% em cada ano, os maiores da s\u00e9rie hist\u00f3rica que come\u00e7a em 2000.<\/span><\/p>\n

Os n\u00fameros chamam a aten\u00e7\u00e3o, mas Bruzadin acredita que esse n\u00e3o \u00e9 o pilar primordial para a ascens\u00e3o dos seguros com cobertura para doen\u00e7as graves. \u201cGrande parte das seguradoras excluem a cobertura contra doen\u00e7as graves a partir de uma determinada idade (geralmente 65 ou 70 anos). Em tese, essa cobertura deve acompanhar o racioc\u00ednio do porqu\u00ea que se deve ter um seguro de vida: proteger os dependentes e a si pr\u00f3prio para caso algo aconte\u00e7a de forma prematura\u201d, come\u00e7a. \u201cO seguro de vida n\u00e3o elimina a necessidade do segurado tenha uma reserva para longo prazo, pois o produto pode n\u00e3o suprir a necessidade de uma renda extra a partir de determinada idade\u201d, conclui.<\/span><\/p>\n

O SUS tamb\u00e9m est\u00e1 longe de ser uma op\u00e7\u00e3o ben\u00e9fica para quem n\u00e3o consegue manter um plano particular. Uma pesquisa feita pelo Insituto Datafolha mostrou que 44% da popula\u00e7\u00e3o esperava h\u00e1 mais de 12 meses para marcar uma cirurgia pelo sistema p\u00fablico.<\/span><\/p>\n

\u201cEssa cobertura garante o pagamento de um capital segurado contratado em caso de diagn\u00f3sticos de doen\u00e7as pr\u00e9-estabelecidas, mas \u00e9 importante dizer que esse benef\u00edcio n\u00e3o \u00e9 direcionado. O benefici\u00e1rio pode fazer o que ele bem entende com o dinheiro e n\u00e3o se limitar ao tratamento\u201d, conta Patricia. Ela explica que muitas pessoas t\u00eam o plano de sa\u00fade e, quando s\u00e3o diagnosticadas com uma doen\u00e7a ou precisam fazer o procedimento cir\u00fargico, t\u00eam que arcar com uma parte do valor cobrado. \u201c\u00c0s vezes, o paciente ter\u00e1 que fazer a anestesia por conta pr\u00f3pria, pois ela n\u00e3o est\u00e1 conveniada ao plano de sa\u00fade. Ou seja, o seguro com a cobertura de doen\u00e7as graves vem, entre outras coisas, para cobrir lacuna desse tipo, por ser mais flex\u00edvel. Um n\u00e3o exclui a necessidade do outro\u201d, finaliza.<\/span><\/p>\n

No mesmo racioc\u00ednio, Bruzadin v\u00ea esses produtos mais como complementares do que concorrentes. Para ele, por mais que o seguro possa indenizar em situa\u00e7\u00f5es que o plano de sa\u00fade n\u00e3o fa\u00e7a, ainda n\u00e3o h\u00e1 uma solu\u00e7\u00e3o, por exemplo, para um tratamento prolongado. \u201cVamos supor que algu\u00e9m tenha sido diagnosticado com c\u00e2ncer h\u00e1 cerca de um ano. De l\u00e1 pra c\u00e1, essa pessoa fez umas 30 sess\u00f5es de quimioterapia, com cada uma custando milhares de reais. Sem um plano de sa\u00fade, essa pessoas poderia ficar desamparada, pois grande parte das coberturas de doen\u00e7as graves dispon\u00edveis no mercado n\u00e3o vai al\u00e9m de R$ 1 milh\u00e3o. A maioria das seguradoras limita o valor da cobertura de diagn\u00f3stico de doen\u00e7as graves h\u00e1 um percentual do capital de morte. Por mais que voc\u00ea tenha esse tipo de cobertura, isso n\u00e3o tira a necessidade de ter uma cobertura para tratamentos a longo prazo\u201d, analisa o executivo.<\/span><\/p>\n

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